"Pessoa misógina", "mentirosa contumaz"... Eliziane e Feliciano trocam ofensas

A relatora da CPI dos Atos Golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), e o deputado Marco Feliciano (PL-SP) trocaram ofensas na sessão desta quinta-feira (24) da comissão.

A CPI se reuniu nesta quinta para ouvir o depoimento do sargento do Exército, Luís Marcos dos Reis, ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL).

Em discurso na sessão, Marco Feliciano disse que Eliziane já está com o relatório "pronto" e já sabe de quem vai pedir o indiciamento. Disse também que "não há respeito nenhum" nos trabalhos e que a CPI está "rotulada".

Eliziane, então, disse que o Feliciano busca provocá-la, comportando-se como uma "pessoa abjeta, misógina". Ela afirmou ainda que Feliciano não vai intimidá-la e "não merece" ser chamado de pastor.

"Desde o primeiro dia que eu cheguei a esta comissão, o senhor me provoca. O senhor me olha com olhar carregado de ódio. Toda sessão é isso", disse a senadora.
Em seguida, Eliziane disse que não havia discutido com Feliciano antes porque quando era adolescente convidava o deputado a pregar na igreja que ela frequentava.

"Mas o senhor se tornou uma pessoa abjeta, misógina. O tratamento que o senhor dá às mulheres nesta Casa é surreal. [...] O senhor é pastor, mas, como o senhor me disse na última reunião, o senhor me pediu para eu não lhe chamar de pastor. De fato, o senhor não merece ser chamado de pastor", afirmou a relatora.

Em resposta, Feliciano chamou a relatora da CPI de "mentirosa contumaz".

"[A senadora] ataca minha religião, ataca a minha fé, como se isso aqui fosse uma igreja, aqui é o parlamento brasileiro. Se quiser conversar como pastor, vá lá no púlpito da minha igreja, no gabinete pastoral, aqui falemos de parlamentar para parlamentar. É uma mentirosa contumaz", afirmou Feliciano.

"Um homem que ataca uma mulher é misógino. E uma mulher que ataca um homem é o quê? Como a gente fala? Tem alguma lei ou não tem? Alguém me socorra. [...] Uma oportunista que aparece num momento para falar", acrescentou o deputado.

Reunião de terça-feira

As declarações de Eliziane e Feliciano nesta quinta-feira são desdobramento da reunião da última terça (22).

A reunião, chamada para que se definissem os requerimentos que seriam votados naquele dia, foi fechada à imprensa, mas, do lado de fora da sala, foi possível ouvir vários gritos, de diversos parlamentares.

Geraldo Magela/Agência Senado

Uma das declarações que pôde ser captada, por exemplo, foi a de Eliziane pedindo a Feliciano que a respeitasse e não ficasse de "molecagem".

Essa reunião preliminar fez o presidente da CPI, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), cancelar a sessão da última terça-feira.

Segundo Eliziane, depois do episódio, Feliciano pediu desculpas a ela pelo episódio, mas posteriormente, de forma "hipócrita", fez publicações na internet contra a parlamentar.

Bate-boca e tapa na mesa

As trocas de ofensas entre Eliziane e Marco Feliciano não foram o primeiro episódio de tensão na sessão desta quinta-feira da CPI.

Mais cedo, o deputado do PL se envolveu em um bate-boca com a deputada Laura Carneiro (PSD-RJ).

Na confusão, Laura Carneiro bateu na mesa e gritou com Feliciano, dizendo que ele deveria "aprender a respeitar uma mulher".

O bate-boca começou quando o parlamentar protestou contra o presidente da CPI, Arthur Maia, após este ter cortado os microfones da sala da CPI.