Incêndio de grandes proporções destruiu complexo comercial e afetou diretamente 600 lojistas, que lutam para se reerguer
Beatriz Passos
Nove anos após a inauguração, a estrutura do Shopping Popular de Cuiabá, no bairro Porto, foi destruída por um incêndio na última segunda-feira (15). Cerca de 600 boxes foram atingidos e nada conseguiu ser salvo entre as mercadorias dos lojistas. Impressionadas pelas imagens do incidente, muitas pessoas acreditam que as chamas destruíram o símbolo de resistência e da luta dos camelôs da Baixada Cuiabana. Mas, para a jornalista e escritora Sandra Carvalho, que se dedicou a pesquisar sobre a história do Shopping Popular, esse será apenas mais um capítulo difícil na história dos comerciantes que, em breve, conseguirão se reerguer.
Sandra escreveu o livro “Shopping Popular: Uma história de luta e muitas conquistas”, contando desde o tempo em que as bancas ficavam nas ruas e reunindo os aspectos da transformação arquitetônica do espaço. A publicação ainda apresenta o relato dos empreendedores que ajudaram a modelar a identidade do complexo comercial.
Com vasto conhecimento sobre o Shopping Popular, Sandra acredita que o recente e trágico episódio não irá apagar o legado de lutas e conquistas. “A memória do Shopping Popular vai ficar para sempre. Houve perda material, porém a história do Shopping Popular está imortalizada para sempre na história individual de cada um dos lojistas”, defende a jornalista.
Ela relembra a trajetória de luta dos comerciantes que, desde sempre, batalharam e enfrentaram muitos obstáculos para serem reconhecidos como lojistas e terem seu próprio espaço.
“Os camelôs sempre viveram à margem pelo próprio Código Penal, que prevê como descaminho a questão do contrabando. Então eles viviam com medo que a Polícia ou a Receita Federal chegassem e levassem toda a mercadoria. Mas eles usaram a comunicação com a sociedade para construir a imagem de comerciantes sérios. A história do Shopping Popular é inspiradora”, afirma.
Reconstrução
Após o incêndio, o presidente da Associação do Shopping Popular, Misael Galvão, afirmou que os lojistas irão para o campo de futebol do Complexo Dom Aquino. O local é o mesmo no qual centenas de camelôs se instalaram há 29 anos.
"Esse episódio é complicado, mas os lojistas sempre lutaram. No dia 21 de abril de 1995, eles foram retirados do centro de Cuiabá e levados para o bairro Dom Aquino. Eles achavam que ali não iriam ter venda, por ser um lugar isolado. Mas, por conta própria, eles conseguiram montar uma estrutura e crescer. Na época que chegaram lá, só tinham dois banheiros e uma salinha. Eles sempre falavam que o teto era o céu e agora eles voltam novamente para essa situação, onde o teto é o céu”, relembra a escritora.
Arquivo
Imagem do Complexo Dom Aquino, que marcou o início do Shopping Popular
Ciente da perseverança dos comerciantes, Sandra acredita que, em breve, o shopping será reconstruído no mesmo lugar, com as ampliações já idealizadas antes do incêndio.
Sandra Carvalho
“Eu acho que da mesma forma que eles começaram do zero, acredito muito que eles vão se reerguer. Eu acredito que logo, logo o Shopping Popular vai estar de volta. Eles vão começar lá no estacionamento, com barraquinhas, e eles vão com a mesma força de vontade construir o mesmo shopping. A história é inspiradora e esse é só mais um capítulo. Temos a data de 21 de abril e, agora, essa de 15 de julho. Eu acredito na reconstrução. Não é o fim. É o início de uma nova história”, diz a jornalista.
A escritora explica que o Shopping Popular faz parte da cultura cuiabana e tem lugar afetivo na memória dos moradores da cidade, que irão ajudar os empreendedores a se reerguerem.
“Essa ajuda tem a questão da solidariedade nata de nós brasileiros. Porém, o Shopping Popular faz parte da cultura de Cuiabá, tem um envolvimento afetivo. As pessoas gostam de ir ao Shopping Popular, desde as pessoas mais simples até as autoridades. O Shopping Popular conseguiu uma amizade com a sociedade. Essa solidariedade faz parte desse afeto entre os lojistas e a cidade", completa a escritora.
Annie Souza/Rdnews
Incêndio
A fachada e as estruturas do complexo comercial desabaram com o fogo. Por ter muito material combustível, como plástico, perfumes, entre outros, a propagação do fogo foi maior. Segundo a Polícia Civil, não há indícios de que o ato tenha sido criminoso. A suspeita, até então, é de uma pane elétrica.
As equipes da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) vão analisar as imagens das câmeras de segurança do Shopping Popular para descobrir onde o incêndio começou. Além disso, autoridades se comprometeram a disponibilizar ajuda financeira para a reconstrução do Shopping.
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