Para Ricardo Arioli, demanda europeia e potência mato-grossense podem ser aliadas para buscar flexibilização das barreiras
Kethlyn Moraes
O conjunto de 18 barreiras comerciais entre a União Europeia e o Brasil é um dos maiores desafios enfrentados pela agropecuária mato-grossense para acessar o mercado europeu e crescer na exportação para esses países. Segundo o agrônomo, produtor rural e empresário, Ricardo Arioli, é preciso enxergar a necessidade de importação de grãos que a Europa tem como uma oportunidade de desenvolvimento e de quebra dessas barreiras.
Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou que uma a cada cinco barreiras comerciais qualificadas e notificadas ao Governo brasileiro são impostas pela União Europeia. Entre as barreiras identificadas, estão as restrições sanitárias e fitossanitárias, de regulamento técnico, de imposto de importação, de sustentabilidade, licenciamento de importação e outras medidas.
Há ainda uma que não é uma barreira consolidada, mas vai entrar em vigor no final deste ano, que é a Lei do Desmatamento Zero. Nela, o consumidor europeu não quer consumir produtos que tiverem origem em áreas desmatadas. É um direito deles. Mas eles também devem entender que não podem interferir na nossa legislação. Não é crime abrir novas áreas, respeitando a lei ambiental brasileira, que já é muito rígida. Então esse tipo de restrição é ruim pra nós”, afirma.
Segundo Arioli, o produtor tenta reagir a essas barreiras, mas sozinho não tem força suficiente. “Nós não temos esse poder. Nós queremos produzir. O Governo tem que se preocupar com esse tipo de restrição, com o apoio dos produtores, evidente. Enquanto isso, temos que continuar produzindo da forma sustentável como estamos fazendo. Aumentamos a produtividade da soja, milho, algodão e até da carne em menores áreas. Estamos transformando pastagens de melhor qualidade com a integração da lavoura com a pecuária, e temos ainda o etanol de milho que está trazendo novas oportunidades sustentáveis. Isso será reconhecido pelo mercado”, avalia.
Para o agrônomo, o fato de a União Europeia não ser autossuficiente em sua produção é o que faz com que o Brasil e, especialmente Mato Grosso, seja necessário. “Os europeus são autossuficientes em produção de carnes em geral, como frango, porco e até bovina, mas precisam da soja e do milho para alimentar esses animais. Para fazer a ração, eles importam cerca de 72% de outros países”, exemplifica.
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Mercado europeu é dependente da importação de soja e milho; atualmente, Mato Grosso produz cerca de 30% da spja do Brasil e 10,4% do mundo
Para isso, importam principalmente o farelo de soja. Dos produtores, 83% precisam importar o grão, 60% precisam do farelo e 26% precisam do óleo. Só em 2022, a União Europeia importou 28 milhões de toneladas de farelo de soja.
Atualmente, Mato Grosso produz cerca de 30% da soja do Brasil e 10,4% do mundo. Foram 44,3 milhões de toneladas de soja na safra 2022/23. Se fosse um país, Mato Grosso seria o terceiro no ranking global. Conforme defende Arioli, a necessidade de importação dos países europeus e o potencial de atender a demanda que Mato Grosso tem mostram que as barreiram impactam os dois lados.
“A mesma ameaça que sentimos na pele de o mercado europeu se fechar pra nós, eles também devem ter lá, pois eles precisam ter de quem comprar. Os Estados Unidos não conseguem bancar sozinhos a demanda. Por isso, acredito que precisamos continuar produzindo com sustentabilidade como já fazemos, no entanto sem aceitar tudo que os europeus impõem, pois a necessidade é dos dois lados", conclui.
Fonte: Rdnews.com.br
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