@crsf

TCU adverte: situação das contas públicas é muito grave

Só o rombo da conta previdenciária alcançou, em 2023, a casa dos R$ 428 bilhões. Para por fim ao crônico déficit, o governo tem uma alternativa: extinguir as isenções tributárias que consomem R$ 646 bilhões/ano

TCU adverte: situação das contas públicas é muito grave

Caríssimos leitores, esta coluna chama sua atenção para as informações a seguir, todas oriundas do Tribunal de Contas da União (TCU), organismo de controle externo que auxilia o Congresso Nacional no acompanhamento e fiscalização da execução orçamentária e financeira do governo. Na semana passada, o TCU encaminhou ao Parlamento um pormenorizado relatório técnico que, na verdade, é uma grave advertência sobre a situação das contas públicas. 

O relatório do TCU, trechos dos quais foram divulgados pela Agência Estado, contém muitas informações que assustam o mais leigo dos leigos, uma das quais é a seguinte: as despesas do Governo Federal com a Previdência Social – aposentados e pensionistas – bateram a casa de 50,8% de todo o Orçamento Geral da União (OGU). Deve ser aqui obrigatoriamente lembrado que o regime previdenciário brasileiro foi reformado em outubro de 2019, há menos de cinco anos, e já precisa de nova reforma.

Prestem atenção ao que vem agora: o déficit da Previdência, no ano passado de 2023, chegou ao patamar de R$ 428 bilhões, e com viés de alta. Detalhe: na Previdência das Forças Armadas, a arrecadação, no ano passado, foi de R$ 9,1 bilhões, mas o gasto com ela bateu na estratosfera quantia de R$ 58,8 bilhões. É vero.

A situação das contas públicas piora a cada ano, e o governo não cuida de estancar essa sangria desatada. E pode fazê-lo num passe de mágica, desde que – numa atitude corajosa e inédita – proponha ao Legislativo, mesmo em ano eleitoral como este, o fim de todas as isenções fiscais existentes hoje. Simples assim. O argumento é fortíssimo e está alicerçado no relatório do TCU. Outra vez, a coluna requer a atenção dos leitores:

O governo da União deixa de arrecadar, por ano, um Evereste do tamanho de R$ 646,6 bilhões com renúncias fiscais para empresas privadas dos diferentes setores da atividade econômica. Parece mentira, mas, somente no ano passado, o governo concedeu 32 novas desonerações tributárias a pessoas jurídicas. Uma verdadeira farra com o dinheiro público. 

Para agravar o quadro, há as Emendas Parlamentares que, caros leitores, são pornográficas. Em países de economia desenvolvida, não há emenda parlamentar; o que há é um Plano Estratégico de Desenvolvimento, de longo prazo, que estabelece as prioridades do país e ao qual estão vinculados todos os recursos oriundos da receita tributária. No Brasil, o último plano estratégico de que se tem notícia foi o do governo Ernesto Geisel, no século passado.

Tornar-se-á herói nacional quem – construindo uma forte relação com o Congresso Nacional, que terá de ser muito diferente do de agora – ousar desafiar o sistema e jogar no lixo tudo o que está aí, a começar pelas disparidades remuneratórias: na base da pirâmide do serviço público, um ascensorista da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal chega a ganhar, mensalmente, mais de R$ 10 mil. O mesmo ascensorista de um edifício comercial ganha o salário-mínimo. No pico da mesma pirâmide – a cúpula dos três poderes da República – essa disparidade causa revolta de tão imoral que é. 

A mesma disparidade também se registra nos estados, principalmente nos mais pobres, como o de Roraima, por exemplo – é só consultar o Google.

Pelo que revela o TCU no seu relatório, as contas públicas, do jeito que seguem, empurram o país a passos acelerados para o precipício. Hoje, a capacidade de investimento do governo é zero. Todo o esforço arrecadatório da Receita Federal é destinado – além de bancar a deficitária conta previdenciária – à folha de pagamento do funcionalismo público ativo e aposentado, aos benefícios sociais, incluindo o Bolsa Família, e ao serviço da dívida (os juros). Isto vai agravar-se: hoje, no Brasil, há menos de 3 trabalhadores ativos contribuindo para garantir o provento de um aposentado. Eis aí uma conta que não fecha. E não fechará sem um cavalo de pau democrático.

Nestas circunstâncias, vale repetir aqui Marcos Túlio Cícero, pensador, senador e orador romano que, 55 anos Antes de Cristo, disse o seguinte: 

“O Orçamento Nacional deve ser equilibrado. As dívidas públicas devem ser reduzidas, a arrogância das autoridades deve ser moderada e controlada. Os pagamentos a governos estrangeiros devem ser reduzidos, se a Nação não quiser ir à falência. As pessoas devem novamente aprender a trabalhar, em vez de viver por conta pública.”

Qualquer semelhança com o que se passa no Brasil não é nem terá sido mera coincidência.

 

 

 

 

 

 

 

 

fontw diário do Nordeste 

Faça um comentário // Expresse sua opinião...

Veja os últimos Comentários

Veja também

"Ex-garota de programa": Meta não removerá vídeos contra Michelle Bolsonaro

"Ex-garota de programa": Meta não removerá vídeos...

Justiça nega pedido de Michelle para apagar vídeo que a chama de garota de programa.(Imagem: Reprodução/Instagram)

...

Operações Lei Seca terminam com 12 motoristas presos por embriaguez em Cuiabá

Operações Lei Seca terminam com 12 motoristas pres...

GGI/SESP-MT

 

Doze motoristas foram presos por embriaguez ao volante na madrugada deste domingo (6.7), em duas ediç...

EMPREGO EM ALTA Confira as 10 cidades de MT que mais contrataram com carteira assinada

EMPREGO EM ALTA Confira as 10 cidades de MT que ma...

Na capital, a maior parte dos empregos foram gerados aos trabalhadores de serviços, vendedores de comércio em lojas e mercados - Foto...